Princípios do IFAB


Carta de Princípios do Instituto de Formação Augusto Boal



"A política não é a arte do possível, e sim a de tornar possível o que é necessário ser feito" 
Augusto Boal (1931-2009)


Dar nome às coisas é uma responsabilidade tremenda, porque o nome exprime o que a coisa é ou deve vir a ser. “Meu filho vai ter o nome mais bonito”, canta Renato Russo, “quero um nome de santo”. A beleza de um nome está na história que com ele se associa. E para o Russo a história a ser construída é a de santo, isto é, a de integridade moral e ética, a de determinação e convicção, pois o que torna uma pessoa santa não são os milagres a ela atribuídos, mas o tornar-se modelo de honestidade, integridade e profunda humanidade. Indicado ao Premio Nobel da Paz e recentemente tendo sido nomeado embaixador do Teatro pela UNESCO, por suas convicções, por suas iniciativas, por sua defesa do oprimido de todos os cantos da terra, AUGUSTO BOAL, torna-se um nome bonito que inspira e se impõem como modelo. E para ele que era homem de arte, a beleza consiste em libertar o oprimido e “humanizar a humanidade”. O reconhecimento que ora prestamos a Boal nos impõem uma tremenda responsabilidade: Fundar e dar vida a um Instituto que aos moldes do Teatro do Oprimido ofereça às pessoas a possibilidade de se dizerem e se assumirem cidadãs, lembrando que “ser cidadão não é viver em sociedade, ser cidadão é transformar a sociedade em que se vive”, apropriando-se da palavra, do som e da imagem, “a palavra dos jornais, o som das rádios, as imagens da televisão e do cinema estadunidense que estão nas mãos dos opressores e são canais de opressão, que devem ser conquistados pelos oprimidos como forma de libertação”. Para Boal, palavra, som e imagem são os únicos caminhos possíveis para o entendimento e para a libertação. Em seus dizeres a “política é uma arte criada pela cultura, e que arte não é adorno, mas instrumento que “serve-nos no presente para analisar o passado e para inventar alternativas para o futuro”. Por isso, no Fórum Mundial Social de Belém, ele defendeu que “não basta gozar arte, é necessário ser artista; não basta consumir cultura, é necessário produzir cultura; não basta produzir idéias, é necessário transformá-las em atos sociais concretos e continuados”. Na mesma fala, ele deu a entender o que vem a ser um fórum: “A mídia tem dono e reflete as idéias de seu dono. Este Fórum não tem dono e deve refletir os nossos pensamentos. Foro, fórum significa, etimologicamente, a praça pública ou lugar onde se pode discutir livremente”. Nos mesmos moldes, de espaço em que se pode discutir livremente, nasce este Instituto: um fórum permanente de reflexão crítica de nossa realidade com o intuito de nela incidir para transformá-la e humanizá-la. E são nestes termos, portanto, que assumimos os seguintes princípios:

  • O INSTITUTO, mais que uma organização, é um coletivo que atua de forma permanente na formação política, no aprofundamento de reflexões e na concretização de ações libertárias, que colaboram com construção de uma sociedade justa e solidária e que se opõem a toda forma de dominação cultural, política e econômica. 
  • O INSTITUTO é orientado por uma relação fraternal em relação às entidades e movimentos que prezem a diversidade de gênero, etnias, culturas; preservando seus valores e direitos. 
  • O INSTITUTO é orientado pelo compromisso da construção de uma sociedade planetária, que preze e promova uma relação igualitária entre os seres humanos, e destes com a Terra. 
  • O INSTITUTO se opõe a toda visão totalitária e reducionista da economia, do desenvolvimento e da história do próprio homem; compromete-se com a garantia dos Direitos Humanos, pela prática de uma democracia verdadeira, por relações igualitárias, solidárias e pacíficas entre pessoas, etnias, gêneros, culturas e povos, condenando todas as formas de dominação assim como a sujeição de um ser humano pelo outro. 
  • O INSTITUTO é espaço de debate, de formação e de reflexão permanente e como tal, promove o acesso à informação/conhecimento/saberes e valoriza seu intercâmbio, especialmente daqueles que a sociedade produziu para promover uma convivência justa, solidária, plena e comprometida com as futuras gerações e que se opõem ao processo de globalização agressiva, com suas dimensões racistas, sexistas e de exploração continua e descomprometida dos recursos naturais. 
  • O INSTITUTO visa fortalecer e criar novas articulações entre entidades e movimentos da sociedade, ampliando tanto na esfera da vida pública como da vida privada, a capacidade de resistência social não violenta ao processo de desumanização que o mundo está vivendo e que reforcem as iniciativas humanizadoras, defendendo a participação cidadã no controle social das políticas públicas.

Aprovada e adotada pelos fundadores e associados do Instituto de Formação Política “Augusto Boal” a partir de 31 de maio de 2009.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...